Cuidadores Informais em Portugal: Um Retrato Atual e os Desafios Enfrentados

cuidador informal
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A população de cuidadores informais em Portugal ultrapassa os 15 mil, sendo que a grande maioria são mulheres. O reconhecimento e apoio a estes cuidadores é essencial para garantir o bem-estar daqueles que dependem diariamente dos seus cuidados. Contudo, o que realmente sabemos sobre estes cuidadores? Como é a sua vida diária? Quais os desafios que enfrentam?

Quem são os cuidadores informais?

Cuidadores informais são, geralmente, familiares ou amigos próximos que prestam cuidados de forma não remunerada a pessoas que necessitam de assistência contínua devido a doença, incapacidade ou envelhecimento. Em Portugal, cerca de 85% destes cuidadores são mulheres, muitas das quais enfrentam a sobrecarga física e emocional de equilibrar os cuidados prestados com outras responsabilidades.

A maioria dos cuidadores informais, segundo os dados mais recentes, têm em média 58 anos, com uma concentração significativa entre os 50 e os 59 anos. O papel destes cuidadores é fundamental, especialmente numa sociedade que envelhece rapidamente, mas frequentemente eles próprios carecem de apoio suficiente.

Quem tem direito a cuidados paliativos
Quem tem direito a cuidados paliativos

O que diferencia um cuidador principal de um não principal?

Existem dois tipos de cuidadores informais: os principais e os não principais. O cuidador informal principal é aquele que assume a responsabilidade permanente pelos cuidados da pessoa assistida, vive com ela e não recebe remuneração pelos cuidados prestados. Por outro lado, o cuidador informal não principal presta assistência de forma regular, mas não contínua, e pode ou não receber remuneração por outras atividades profissionais.

Diferença no acesso a apoios financeiros

Apenas os cuidadores principais podem solicitar o subsídio destinado a apoiar financeiramente esta tarefa árdua. No entanto, a obtenção deste apoio depende dos rendimentos do agregado familiar, o que limita o acesso a muitos cuidadores que realmente necessitariam desta ajuda.

O impacto económico e social dos cuidadores informais

O trabalho dos cuidadores informais muitas vezes passa despercebido pela sociedade, apesar de desempenharem um papel crucial na manutenção do bem-estar de pessoas vulneráveis. Além do impacto emocional e físico, também existe uma carga económica significativa. Muitos cuidadores acabam por sacrificar as suas carreiras, rendimentos e até a saúde para garantir o conforto dos seus entes queridos.

Esta realidade, no entanto, tem vindo a receber maior atenção, especialmente após a aprovação do Estatuto do Cuidador Informal, que visa oferecer algum apoio e reconhecimento a estes indivíduos. Contudo, ainda há muito a ser feito para garantir que estes cuidadores recebam o apoio necessário, tanto em termos financeiros como de acesso a serviços de saúde mental.

Os desafios enfrentados pelos cuidadores informais

Ser cuidador informal envolve uma série de desafios que vão desde a gestão do tempo até ao esgotamento físico e emocional. Muitos cuidadores acabam por negligenciar a sua própria saúde em detrimento dos cuidados que prestam. Além disso, o isolamento social é uma realidade comum, com muitos a sentirem-se sozinhos na sua jornada de cuidar.

Outro problema frequente é a falta de formação adequada. Cuidar de alguém com necessidades especiais pode exigir habilidades que nem todos possuem, o que leva a um aumento do stress e da ansiedade, principalmente quando o cuidador não tem acesso a formação ou apoio especializado.

Como o governo e a sociedade podem apoiar mais os cuidadores?

Embora o Estatuto do Cuidador Informal tenha sido um marco importante, existem várias áreas que ainda necessitam de atenção para que este grupo receba o apoio merecido. Entre as medidas necessárias estão:

  • Aumento dos apoios financeiros: Atualmente, nem todos os cuidadores principais têm acesso ao subsídio de cuidador, o que limita a sua capacidade de sustentar os cuidados sem comprometer o bem-estar económico.
  • Apoio psicológico e formação: Cuidadores informais precisam de acesso a serviços de apoio psicológico para evitar o burnout, bem como a formações especializadas para melhorar a qualidade dos cuidados.
  • Reconhecimento social e laboral: Implementar políticas que permitam aos cuidadores informais manterem-se no mercado de trabalho, através de horários flexíveis ou licenças específicas, ajudaria a reduzir a pressão financeira e emocional.

Quais são os requisitos?

Os requisitos para ser cuidador informal em Portugal incluem:

  1. Ser um familiar ou amigo próximo que cuide regularmente de alguém com incapacidade, doença ou envelhecimento.
  2. Não ser remunerado pelos cuidados prestados.
  3. Ser maior de idade e viver com a pessoa assistida, no caso de ser o cuidador principal.
  4. Para aceder ao subsídio de cuidador, o cuidador deve comprovar a necessidade financeira e o estado de saúde da pessoa cuidada, entre outros critérios estabelecidos pela Segurança Social.

FAQs

1. Quem pode ser considerado um cuidador informal?
Um cuidador informal pode ser qualquer pessoa que cuide regularmente de alguém com necessidades especiais sem receber remuneração, sendo geralmente um familiar.

2. O que é o Estatuto do Cuidador Informal?
É uma legislação que reconhece os direitos dos cuidadores informais, garantindo-lhes acesso a certos apoios sociais e financeiros.

3. Como posso solicitar o subsídio de cuidador informal?
O subsídio pode ser solicitado através da Segurança Social, mas é exclusivo para cuidadores principais e depende dos rendimentos do agregado familiar.

4. Os cuidadores informais têm direito a apoio psicológico?
Sim, existem programas e iniciativas que oferecem apoio psicológico, mas ainda é uma área que necessita de maior investimento.

5. Quantos cuidadores informais existem em Portugal?
De acordo com os últimos dados, há cerca de 15 mil cuidadores informais em Portugal, sendo a maioria mulheres.